08 dezembro 2006

Saudades

Texto: Danilo Augustus
Foto: Comstock


Desde cedo, gostei muito de escrever, ler, pesquisar e saber o porquê de tudo. Foram esses interesses que me levaram a acreditar que poderia ser alguém e, através do jornalismo, que isso poderia se realizar.
Meus primeiros traços como escritor foram bloqueados pela professora da terceira série. Sempre ficava chateado quando ela conseguia interceptar meus recadinhos para qualquer coleguinha, mas principalmente para a Renata.
A Renata sempre foi a mais bela da sala na minha opinião. Poderia surgir uma ou outra, mas para a maioria que convivia comigo, ela era a graça da sala, o sol de cada manhã e o brilho de cada estrela.
Outro dia, estava conversando com ela pelo computador e ela me confessou que ainda guardava meus bilhetinhos, pelo menos aqueles que a professora não conseguia interceptar. Perguntei a razão pela qual ela ainda os tinha. Respondeu-me simplesmente: "É que eu achei tão bonitinho".
Juro que não sei o que tinha de tão bonitinho nos garranchos que eu escrevia no alto dos meus 9 para 10 anos. O que sei é que ela os guardou. E não é qualquer pessoa. É a menina mais bonita da sala, a Renata.
Que glória para um menino que não se dava muito bem com as mulheres. Na verdade, ela foi a primeira menina pela qual me apaixonei de verdade, e acho que até hoje eu sinto falta de gostar realmente de uma pessoa. De verdade, assim como na infância.
Toda paixão na infância é arrebatadora. Precisa-se de um olhar para que nossas mentes masculinas comecem a viajar e fantasiar com aqueles olhinhos te observando. Não é preciso muita coisa para se apaixonar.
E quando esse sentimento não é dividido entre duas pessoas? E quando nosso eterno amor não é retribuído? É aí que ficamos na fossa, mas a fossa da infância é muito diferente da de um adulto. Quando somos crianças, a tristeza acaba quando somos convidados para jogar bola ou brincar de boneca. Quando somos adultos não é tão simples assim.
Quando adultos, nossos amores mudam de intensidade. Não amamos para valer, por medo de sofrer e é esse medo, que nos faz não viver da maneira que vivíamos quando éramos crianças, quando todo momento era de pura alegria e magia.
É dessa fantasia que tenho saudade. Não, não estou sentindo falta da infância que não vivenciei, mas sim, daquela que vivi intensamente. Assim como quase todas as crianças assim a vivem.
Acho que é por isso que crescemos. Para sentirmos falta do que se foi. Do que um dia foi o presente e hoje se tornou lembrança. Olhando para trás, não devemos mirar nossos defeitos e sim, os momentos felizes e as pessoas que nos fizeram bem, para que assim possamos seguir em frente sem ter que nos preocupar se soubemos viver e se fomos felizes um dia.

7 Comments:

At 2:15 AM, Anonymous Anônimo said...

Nossaaaaa!!! P-E-R-F-E-I-T-O esse texto!!! Simplesmente amei-o!!! Ao mesmo tempo que transmite aquele momento de nostalgia, nos faz refletir sobre o presente e como lidar com situações... Às vezes, recordar momentos de nossa infância faz com que entendamos momentos que vivenciamos hoje. Às vezes, com o recordar dos bons momentos vividos, conseguimos forças para continuar a lutar por coisas que vivemos em nossa chamada "Vida Real".

Os amores, desde a infância devem ser recordados com grande carinho... uma vez li uma frase, que dizia o seguinte: "Sentir saudades, significa que o que vivemos no passado valeu a pena", e cada vez que lembramos de algo e sentimos SAUDADE, significa que não foi em vão!

Danilo, você está de parabéns!
Seu texto é simplesmente marvilhoso!
ADOREI!!!
Hehehehe...

Este blog está recomendadíssimo e será visitado com freqüência!!!
PODE TER CERTEZA!!!

Continue a escrever maravilhosamente bem como escreve, ok???

Beijinhos!
Te cuida!!!

 
At 7:59 PM, Anonymous Anônimo said...

Nossa história é baseada nas construções que fizemos no passado. Não tem lembrança melhor que a doce lembrança de um passado que foi vivido intensamente. Show esta parte final da sua postagem
Show, show, show.
Falou tudo!

Penso que todos nós temos "esse" amor de infância. eu tenho a minha que estará para sempre em minha lembrança como algo que foi muito bom enquanto durou

 
At 8:00 PM, Anonymous Anônimo said...

Nossa história é baseada nas construções que fizemos no passado. Não tem lembrança melhor que a doce lembrança de um passado que foi vivido intensamente. Show esta parte final da sua postagem
Show, show, show.
Falou tudo!

Penso que todos nós temos "esse" amor de infância. eu tenho a minha que estará para sempre em minha lembrança como algo que foi muito bom enquanto durou

 
At 8:00 PM, Anonymous Anônimo said...

Nossa história é baseada nas construções que fizemos no passado. Não tem lembrança melhor que a doce lembrança de um passado que foi vivido intensamente. Show esta parte final da sua postagem
Show, show, show.
Falou tudo!

Penso que todos nós temos "esse" amor de infância. eu tenho a minha que estará para sempre em minha lembrança como algo que foi muito bom enquanto durou

 
At 8:02 PM, Blogger Legalmente Celle said...

Como eu li este texto em primeira mão (creio eu, cof cof), ainda fiquei esperançosa que achasse a foto do bilhetinho!hehehehe mas td bem, essa ficou ótima!
Eu nunca tive amores de infância...Acho que já te disse isso! rs...Bom saber q alguém aqui tem direito à nostalgia!
Bjusssssssssssss

 
At 8:06 PM, Anonymous Anônimo said...

Muito Show esta postagem que fala sobre a saudade. Não tem coisa melhor qu relembrar um momento tão maravilhoso e especial quanto a infância. E algo que levaremos para sempre em nosso arquivo interior chamado coração.

Penso que todos temos "esse amor" de infância que será levado para sempre como uma ótima lembrança por ter sido vivido intensamente.
Show está postagem.
Falu tudo
Abraço

 
At 6:41 PM, Blogger mel said...

Ah, que bonitinho! Maldade da professora interceptar os recadinhos, aposto que ela guardou também!
Realmente, né? A fossa da infância ainda é bonitinha também. Depois que passa, claro. E, pelo menos, passa rapidinho!

:)

 

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